Na
experiência de regência pude constatar o quando é difícil mediar conhecimentos
para um público adolescente. Um dos motivos da dificuldade está na apatia que
os alunos têm pela leitura e pela escrita monográfica. Esse último é
compreensível, visto que, depois da tecnologia digital, o uso da escrita manual
é um fardo. Entretanto, ainda temos que usá-la, pois os recursos que o governo
oferece não contempla uma didática evoluída, como as usadas em países
desenvolvidos, onde cada aluno tem seu computador. Sabemos que o aprendizado se
dá pela prática, ou seja, aprendemos ler lendo e escrever escrevendo, mas como praticar
algo que não gostamos?
Partindo
deste pressuposto, podemos afirmar que a prática de linguagem oral e escrita só
terá sentido se tiverem relação interacional, funcional e discursiva. Uma
atividade interativa acontece quando há trocas de experiências, mas como trocar
experiências numa turma onde a sala é formada por constantes grupos? Onde cada
pessoas se fecha dentro do seu mundo. Se uma visão interacionista supõe,
encontro, parceria, envolvimento entre sujeitos, a proposta interacionista não
surtiu efeito na classe que estagiei. Foram várias propostas de envolvimento,
uma delas aconteceu na primeira aula, com a dinâmica do “Pirulito”, só que o
doce do pirulito não conseguiu durar muito tempo. Sem falar da proposta do projeto portfólio
“Exagerado”, seríamos um exagero de conhecimento, seríamos. Um projeto que começou
com vinte alunos e foi concluído com apenas cinco. Com o desanimo da turma pelo
projeto fiquei preocupada e fiz a proposta de outro projeto, para os que não
queriam o Portfólio. Propus uma “Análise literária”. A metade da turma saiu do
Portfólio. Até aí tudo bem. Tudo bem nada. Dos dez, só três contemplaram a
proposta. Diante dos relatos me pergunto: O que de fato teria despertado a
relação interativa, funcional e discursiva desta turma? Acho que nem eles mesmos
saberiam responder isso. Uma coisa eu tenho certeza, trabalhar com adolescentes
é muito complicado e requer uma didática mágica, algo que só temos em contos de
fadas.
Os
objetivos propostos pelos PCNs levam em conta a multiplicidade das práticas
sociais que se desenvolvem em torno da escrita e da leitura, trazendo para a
sala de aula práticas que não só se desenvolvam na esfera escolar, mas em
outras esferas do cotidiano. É neste sentido que se torna necessário o uso do
conceito de transversalidade entendida como “[...] fatos e situações marcantes
da realidade” do aluno aliada a ideia de gêneros (PCN:1998, p.35) que tem por
objetivo cumprir, se não integralmente ao menos em boa parcela, aquele que se
entende ser o objetivo do curso Língua Portuguesa no contexto escolar: formar
alunos que dominem a norma padrão da língua e gramática, além de levá-los a
ler/produzir com relativa facilidade diferentes gêneros textuais reais e, mais
que isso, formar cidadãos que participam participando (PCN: 1998,p.37).
Infelizmente está imposição dos PCNs é uma utopia, afirmo isso tendo como base
minha experiência docente, pois descobri que por mais que coloquemos objetivos
e metodologias produtivas, a produção só acontecerá se o aluno sair do meu
mundo individual.